Bom dia a todas e todos! Vivemos tempos difíceis para Educação e suas Políticas, marcada por processos pouco participativos ou que disfarçam algum caráter democrático, como observamos neste momento, pois não adiantar apenas dar voz, mas considera-la quando representa o desejo de uma maioria. São tempos temerários, sem trocadilhos, de claro desmonte e que conferem vantagens a interesses privados.
O discurso de uma construção democrática da BNCC, utilizado reiteradas vezes pelo MEC, é uma grande falácia! As 12 milhões de contribuições foram feitas sobre outro documento, sob outra perspectiva. A ruptura da BNCC, como feita com a aprovação da parte da educação infantil e do ensino fundamental nos parece comprometer a legitimidade do processo e contradiz o ensejo de garantia de progressão nas propostas de referência curricular, ora em elaboração nos Estados. Tal como feita, a versão em apreciação implica grave ruptura com toda estrutura da educação básica, inclusive no que se apresenta na parte já aprovada pela BNCC da educação infantil e ensino fundamental. Destoa do que preconiza as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, ao suprimir disciplinas em detrimento a um discurso progressista de interdisciplinaridade.
A BNCC do ensino médio, mesmo que o MEC adote o discurso de um único documento, foi feito à revelia de um amplo debate e só serve para referendar outro golpe na educação, a reforma do ensino médio. Cabe então questionar ao CNE, por que permanecem discutindo um documento eivado de vícios e interesses escusos? Documento esse que implicará supervalorização de áreas em detrimento a outras. Caberá ao CNE referendo a uma proposta que trará graves problemas às redes, escolas, as professoras e professores e instituições formadoras? Por que a BNCC se furta a discutir os itinerários formativos?
Em nome da SBEnBio, Associação Brasileira de Ensino de Biologia, como diretor da regional Nordeste e do FORPIBID, Fórum de Coordenadores do PIBID, como presidente, ou representando tantos colegas que tiveram acessos cerceados, a despeito de tantas cadeiras aqui vazias, representando esses coletivos, apresento o desacordo ao documento sob consulta e apresento pedido de retirada de pauta do CNE para voltar à sociedade, para iniciar o debate que não houve.
Não há contribuição no documento em que se apresenta. Somente com o reestabelecimento de processos democráticos no país, teremos legitimidade em propor mudanças significativas e participativas, que impliquem mudanças reais no ensino médio. Fora Temer, não à BNCC do ensino médio.
Nilson de Souza Cardoso – SBEnBio, Regional 5